À Maria Lucia Dal Farra
Me persegue, não sei de quando
a figuração íntima da planície
recém-molhada quando pastoreio
a castanha-do-pará entre os dentes
e o caroço cede-se à mais
serena antecipação da carne
poética
Esta infância vem
do que um minuto há-de-ser
(em que o atento torne o mundo
poesia)
a transparência de uma alfafa
roxa eu uso como um abanico
e em Andaluzia escorrego
(com mel e especiarias)
àquela tenda frágil e viscosa que
(no meu entendimento)
nutre a amendoeira
enterrada no átrio da casa de minha avó
o grão-quintal de todas as lajes
Mãe de uns mistérios fechados
ao dizer, visto
a casa do pão, antro
colhido no mesmo repasto
em que, à tua voz, me talho
ao alvejar colorir-te num mosaico
de Cretas lilases memorando
a vindima o vaudevile de teu ateio
(ver) o trailler de "Senda do Silêncio", filme de Fabíola Carvalho: http://www.youtube.com/watch?v=63WDcoRVnuc