20130430

o signo de Touro e "Do Desejo" (1992), de Hilda Hilst, na MUNDO MUNDANO, 3af, dia 7 de maio, em SAMPA


Esta é uma das minhas horas prediletas:

hora que entra no eixo alquímico que é TOURO-ESCORPIÃO
e os processamentos de paixão pela matéria e para além da matéria
as sobras, os resquícios, os porões do que o corpo atravessou, Escorpião.

Em Touro, a pujança, a fartura, a gordura da vida,
o escorregadio lustroso, venusiano, dourado-verde,
a terra em flor e fruto. E depois, de tanto haver corpo,
o pântano, a despedida, o corte, a crise, o nada.

Entre o corpo e sua finitude, como somos? o que valoramos?
o que queremos? como nos guardamos? como nos oferecemos?
com que língua engolir o próprio vazio? e com que escuro
reconfigurar uma matéria, um plasma, um sopro vivo?

Há sempre em Touro uma cauda de Escorpião
e neste uma boca aberta daquele.
Fluxo de canais
entrada e saída,
alimento e decomposição.


E todo o verbo de Hilda se ilumina neste trajeto, eixo vivo das paixões e dos enfrentamentos.

Venha junto? Traga o teu corpo a tua voz a tua fome para esta hora.


será no espaço
mundo mundano
próxima 3af, 20hs, dia 7
inscrições aqui:
contato@mundomundano.com.br


e mais infos: http://www.mundomundano.com.br/0204-literatura-e-astrologia/


**********   IMPORTANTE:
se não reunirmos o número mínimo de inscritos até esta 6af próxima, dia 3, não haverá encontro.
se você quer vir, venha mesmo, e diga que virá.

te abraço
e te deixo uma Hilda Taurina de brinde, de "Do desejo"



VIII
Se te ausentas há paredes em mim.
Friez de ruas duras
E um desvanecimento trêmulo de avencas.
Então me amas? te pões a perguntar.
E eu repito que há paredes, friez
Há ,olimentos, e nem por isso há chama.
DESEJO é um Todo lustroso de carícias
Uma boca sem forma, em Caracol de Fogo.
DESEJO é uma palavra com a vivez do sangue
E outra com a ferocidade de Um só Amante.
DESEJO é Outro. Voragem que me habita.










20130423

arrasa Sganzerla


Sganzerla manda recado ao Brasil, em homenagem a Torquato Neto (anos 80)



trailer de O SIGNO DO CAOS (2003)




O BANDIDO DA LUZ VERMELHA (completo)

 


curta-metragem BRASIL (1981)




SEM ESSA ARANHA (completo) (1970)




entrevista Sganzerla




Joel Pizzini sobre Sganzerla




curta-metragem DOCUMENTÁRIO (1966)




COPACABA MON AMOUR (1970)




A MULHER DE TODOS (1969)




UMBANDA NO BRASIL (1969)




ABISMU (1977)




TUDO É BRASIL (1997)





20130405

bamboo 23, e eu dizendo sobre a CAIXA ALERTA, criada para a 8 exposição internacional do surrealismo, por Breton e Duchamp






digo mais, que além de meu texto, puro encanto foi fazê-lo, é delícia ainda o partilhar das páginas com o meu querido Jurandy Valença, que escreveu sobre Iran do Espírito Santo, e minha mãe, que assina o projeto de um espaço de arte, em Ribeirão Preto. Adorei.

20130401

a carta do mês de abril





saí de um sonho com dragões e com minha mãe aberta e mais um cão (tudo é lua) também aberto, cortados ao meio, passando por cirurgias (no coração?) quando era eu que tinha que passá-las, as cirurgias; minha mãe e o cão abertos, no rancho da fazenda da infância, e meu avô morto estava lá, exatamente como era antes de partir; eu pensava o que é isso de dar o coração a alguém; e que linhagem é essa dos cardíacos; porque eu sabia que meu coração seria dado à minha mãe, ela ficaria com ele, mas ela estava aberta, inteira aberta, e eu estava ainda com o coração em mim, fechado; eram corações duplos-multiplicados? eu minha mãe temos a mesma lua, o mesmo lugar de lua; mas nem sei se eram corações; lembro-me de estar agarrada ao cão, temente, deitada no piso vermelho de pedras, chorando ou orando, não era diferente.

alguém se assustou que eu me apegasse mais ao cão do que à mãe. mas não era diferente, eu sabia, e estranhei que essa obviedade não fosse tão lúcida ou translúcida como soía.

'soía' vem do Camões que passou a semana passada toda comigo. e agora a carta do mês, que continua a noite que o abriu, abril:

mãe?
mãe urânia? venus? uma outra iemanjá? netuna? mãe?
a lua
soberana
e a palavra KAFKA
que tambem leio CANCER
que é mais que doença de células
é mais que alastramento
leio moi
mãe moi

os olhos estão fechados e a distribuição do leite é sem fim
mãe-d'-agua, mãe iara, doce rio, doce foz, escura

que abril venha mês mãe
e o feitiço de ressuscitar sempre uma mãe
com um coração multiplicado
seja o segredo dos dragões, os dois dragões
que comigo nesta noite

na porta em que eu nasci desenharam uma ferradura
mãe é um desperdício de amor, um medo
um nome com que manter a cauda do bicho
dentro da água do corpo, vibrante escama luminosa

abril. que te proteja, mãe nossa.

cuido de nossa mesma lua do aguadeiro
é o que me dá o mês.