20120127

AS VOLTAS DO VINIL _ de Renan Nuernberger

LADO A


sábado à noite, muito prazer a tacapau. ácidos e luzes até ontem, sem dj, sem dó. sem sapato eu danço, você dança comigo: festa e comício de tudo. antes do sol não saio. nascer. do seu lado. com que roupa, noel? transamba? alcalóides à vontade (me segura, baby, na secura) nos salvam nos aproximam do kaos. RC e as canções do rádio. violões de rua e as canções, do rádio. se a música pára, se a banana doesn't boot (never more, carm...I haven't jokes) o coração não cabe em sua contraluz. sem guitarras, sem harpejos, sem cinemas, sem bondes, sem luas, as agulhas mudas arranham os sulcos, as cavidades, o long-play: se os dentes rangem (acompanhando o compasso sem som) e as palavras continuam partindo do mel para o mata-borrão (mel do melhor, geleia geral, gigolô, bibelôs, brasil, paupéria) a entrada da bala crispada nos cornos (compacta0se o crânio) faz-se mais que necessária. senão, como suportar o incômodo daquilo que gira gira e do que há de vir?





LADO B


domingo imenso, amor de praia. penetrar as dunas do barato, entender as dunas: um barato! eu brasileiro confesso que pequei: o pecado da soberba - yes, yes, we can! açaí era raro. tantos pecados vivos (nosferatu passeava sob o calor do rio) - yes, yes, we could! as dunas do barato (bunda rija, seio firme) sob o sol do posto nove, do amor, bater tambores (coração, aorta, pau). a poesia da ana cristina, o destino da leila diniz, o apê da nara leão. solar da fossa, forçar a sola (could a be being). você dança comigo? ontem dançou? lhe convidei prum samba, café e mallarmé. a vida inteira que poderia ter sido (cujo o could é mais que gold). luxúria (yes, yes, yes). ah! o branco da página maculado por guimbas, carimbos, rabiscos: deu zebra (o jornal do brasil não merece o do glauco). esperando o download do remake observo uma foto em p/b que valoriza a mais angulosa das facetas da arte (a obra fagulha nas frestas) e renovo o brilho repetindo em mantra o estribilho: como superar o inexorável daquilo que vira vira e do que há de gir?

------------------------------------ Renan Nuernberger, publicado na revista Modo de Usar & Co n. 3 _ dez. 2011



**** o negrito do LADO A fui eu quem marcou. pois assim: e aqui o acaso da leitura, que eu sempre soube sentir de fundo, essa colagem: s. dimas, robbin hood, e todos os anjos da bahia de guanabara deitados sobre copacabana, fora de qualquer tempo o compasso do coração a lira paulistana _ o acaso é que li o poema ontem numa sala de espera para fazer exames médicos, cheio de pessoas em quase-bege, o oposto desse abusivo solar, com sorriso e pé-de-valsa o lado dos lados, e o giro bacante que certa feita chega a ecoar (ao fim) a nanã com joão gilberto_ evoé às mênades e ao renan!




(foi assim, o acaso da leitura)
(é bonito que haja em acaso asco e ocaso
e haja sobretudo caso
que além de sim é segredo
para além de secreção é perícia)

logo após os sulcos
três senhoras combinadas aguardando ultrassons
dizem _ os árabes, é humilhante, lençól freático, estão dentro
não sei se a soma é uma pele de amor
ou o adendo da morte
frêmito - é a palavra que
estou num lugar branco

as coisas sonoras e a televisão ultrassonora e eu aguardando
apenas aguardentes
de jejum e sem nenhum sangue
se passeassem sobre mim as patas
vistosas da múltipla fome
mas estas senhoras
ligadas à luz fria em que Angela Mukel discute
a crise do euro e a expectativa
dos resultados das agulhas
e dos metais que fazem do som
uma imagem mas borrada

que enfiem o lado A daquela bugiganga
ereto plástico anatômico com lubrificantes muito fundo e acabe
enfim
o pacto da rotina
- uma vez por ano
- olhar dentro do corpo
- pela vazão dos excrementos
você alguma vez já fez este exame?

arranho no ocre (fede) (é um hospital)
saio daqui na promessa: engolir
(são 17hs) (longo jejum)
um boi e três senhoras
antes de brindar o fazer do som
um cenário de são paulo
que só a águardente
sabe de cor

20120126

EUROPA EM LISBOA_ poema de Michel Deguy




O amor "liberou-se" da prisão de Amor
Olhe Sobra este belo vazio
De amor esvaziado Este lenço de lápide
Que a amante agitava ao oceano agitado
Ou à amante cativa um trovador cativo

E agora descreva o castelo de água pétrea
O castelo de gávea capitânia
Que fez os Renascentistas pensarem no Feudal
Voto cumprido de um príncipe cumprindo o verso de Gôngora
"de uma torre de Vento construída em Raridade"

E agora
O sábio tapete de Tejo estirado retira-se a seus pés
O saber também retirou-se
Como um refluxo sob uma seca ignara
Onde as notas lançam uma espuma de datas

Da torre de Belém à Torre de Stephen
Quero não censurar o sentido da visita
Autorizada pelo ticket cultural poliglota
Eu seguia no vão da escada a empregada
Que tem por função manter bem vazio este vazio

Amarrar o laço da pedra no terceiro andar
E arrumar turbantes, de pedra, escudos, de pedra, de sultão, de cruzado
arrumar um retorno
para o Amor que não voltará

(trad. Paula Glenadel)

Danilo Bueno lê Luís Miguel Nava _ projeto 'empreste sua voz a um poeta morto' da revista Modo de Usar & Co.

20120124

Pagu



mulher de galardão a ovular pechinchas numa tarde garoada


fêmea-tíbia, assassina, uma dolência


pouco sabe ou titubeia quem deseja


punhal nos olhos diluído



crista de um véu solar e anfíbio


manhãs de março, praça pública


mormaço, mulher em tempos


e debruo ilícito



aglutinar a rua dentro desse abandono

transfigurado corpo, ausente ofício

ter ouvidos para o puído dos homens

e só oferecer a outra face



às imagens indefesas

20120123

"São Paulo Surrealista" comemora o aniversário da cidade no museu

O Teatro do Incêndio apresenta no dia 25 de janeiro seu espetáculo “São Paulo Surrealista”, concebido pelos atores da Cia. com direção de Marcelo Marcus Fonseca,clique aqui e saiba mais!

O projeto, contemplado pela 18° edição da Lei de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo, traz a público o resultado de sua primeira fase de pesquisa, uma ode à cidade e seus personagens, confrontando em um jogo de imagens sobrepostas as contradições e fantasias da metrópole.

A apresentação,com entrada gratuita, celebrará, no próximo dia 25 de janeiro, o Anversário da Cidade de São Paulo no Museu da Língua Portuguesa.

Mario de Andrade, Roberto Piva, Pagu, nativos, cidadãos, ninfas e animais recebem o criador do surrealismo, André Breton, para um mergulho na capital paulista, batizando Breton no Candomblé e percorrendo “os nove círculos do inferno” de Dante Alighieri através dos pontos turísticos, monumentos, terreiros, restaurantes e bordéis paulistanos.

Todas as canções foram compostas especialmente para o espetáculo, algumas delas “em parceria” com Arthur Rimbaud e Charles Baudelaire. É um espetáculo que interage permanentemente com o público, questionando a existência pela natureza histórica, política, sensual e caleidoscópica de uma cidade anárquica num delicado equilíbrio de contrários.
Sinopse

Em um altar com um “grande tamanduá humano”, Alfred Jarry recebe os espectadores ao som de um mantra de Rimbaud entoado pelos atores. Da barriga do tamanduá surge o Rio Tietê, que leva a plateia até uma banca de jornal com notícias poéticas e caóticas da cidade. Baco, de férias, vem para São Paulo e invoca Mário de Andrade e Roberto Piva para um diálogo contra a homofobia. Baco, Apolo e Calíope geram “Orfeu da Consolação” que, com seu cavaquinho, recebe André Breton e Pagu na cidade de São Paulo para percorrem juntos os “nove círculos do inferno da cidade”, numa alusão à “Divina Comédia” de Dante Alighieri, passando pelos centros financeiros, culturais, marginais e encontrando personagens tanto do surrealismo quanto da metrópole.

Numa roda de samba, surge Salvador Dalí. Antonin Artaud vem ensinar para Breton quem é Nelson Rodrigues, numa referencia ao rompimento dos dois primeiros, reconciliados em São Paulo pelo espetáculo. Pagu conduz o autor francês até uma escola de samba que toca Villa Lobos. Com forte apelo visual e sensorial, sugerindo ideias, sentimentos e reflexões, o espetáculo procura traduzir para os espectadores o espírito do Surrealismo através da expressão do seu comportamento nas ruas e das suas relações com a cidade de São Paulo.

O TEATRO DO INCÊNDIO

A Companhia Teatro do Incêndio foi criada em 2000 pelo diretor Marcelo Marcus Fonseca, que anteriormente já havia realizado espetáculos como “Baal - O Mito da Carne”, de Bertolt Brecht, “O Balcão”, de Jean Genet, “A Filosofia na Alcova”, de Sade, entre outros. Com o espetáculo “Beatriz Cenci”, de Antonin Artaud, nasceram o nome e os parâmetros de sua pesquisa e linguagem. O grupo conta atualmente com a codireção da atriz Liz Reis e procura desenvolver um trabalho de pesquisa e experimentação, apoiado na dramaturgia de qualidade, na produção de espetáculos de reconhecida importância para o Teatro Brasileiro, contribuindo para a evolução do discernimento dos espectadores e de todos os envolvidos no processo de criação. Sempre buscando estabelecer um padrão de dramaturgia que, ao mesmo tempo, fuja das propostas simplesmente comerciais que visam o lucro e o sucesso, mas que também possibilite o acesso e o entendimento desse padrão para qualquer tipo de público.

Sua primeira montagem, “Os Cenci” de Antonin Artaud, rebatizado de “Beatriz Cenci”, realizada na sede da Funarte no ano de sua fundação, é até hoje a única tradução desta obra para o Português. Em seguida vieram os espetáculos “Anjos de Guarda”, de Zeno Wilde, “Odile”, de Marcelo Marcus Fonseca, “A Boa Alma de Setsuan”, de Bertolt Brecht, ”Todos os Homens Notáveis” de Marcelo Marcus Fonseca, “La Ronde” de Arthur Schnitzler, “Na Selva das Cidades”, de Bertolt Brecht, e "Joana d´Arc - A Virgem de Orleans", primeira tradução e montagem em língua portuguesa da obra de Freidrich Von Schiller.

"São Paulo Surrealista"
Quando: 25 de janeiro,15h
Local: Espaço Café,Museu da Língua Portuguesa
Entrada gratuita,capacidade para 100 pessoas
Ingressos retirados na hora do evento no local
Recomendado para maiores de 14 anos

Ficha Técnica
Texto: Cia. Teatro do Incêndio
Direção e dramaturgia: Marcelo Marcus Fonseca
Direção Musical: Wanderley Martins
Composições originais: Marcelo Marcus Fonseca e Wanderley Martins
Fotos: Bob Sousa
Iluminação: Rodrigo Alves
Atores
Liz Reis, Wanderley Martins, Marcelo Marcus Fonseca, João Sant’Ana, David Guimarães, Sergio

20120118

para o contínuo encanto



e hoje, também, para a linda Laurets, em seu aniversário, bailemos, bailemos

20120115

leitura do poema 'recinto e redor', de 'lacrimatórios, enócoas'

este poema encanta uma fusão dosada harmônica do que, em mim, sempre foi a busca de entrar n'água e sair dela, com outra pele. é dioniso no que tem de entrega. é medicinal, passo a passo, comovido. para ainda entrar em 2012 e nos meus 31 anos. te escuto, poema.


20120108

Claudio Willer _ a boa safra da poesia brasileira de 2010-2011 _ cita fio, fenda, falésia

Poesia brasileira: a boa safra de 2010-2011



por Claudio Willer



Terão os poetas contemporâneos brasileiros enlouquecido? Entrado em pânico? Em irrefreáveis surtos visionários?É a impressão que se tem ao ler versos como estes, do recente Uma Cerveja no Dilúvio (7 Letras, 2011), de um poeta do Rio de Janeiro, Afonso Henriques Neto:há um incêndio a lavrar pela noite lambendo as páginas da agoniaverbo carbonizado nos cornos do apocalipsenas cenas de uma bíblia enlouquecidalábios por onde a poesiavomitara lascas de labaredasárduas centelhas do mitoevangelhos soterrados sob negros estampidosrelâmpagos solvidos em rochedos de neblina. Veemente anúncio de um fim do mundo em tom, ritmo e imagens que lembram Jorge de Lima.



Encontra eco em outro lançamento recente, Poemas Perversos (Pantemporâneo, 2011), de Celso de Alencar, paraense radicado em São Paulo:Devolvamos o rioDevolvamos tudo aquilo que lhe pertence[...]. Devolvamos a morte estremecentee, além da morte, o cemitério viajante e afundado.Devolvamos tudo, inclusive o leito experimentado que acolhe a vastidão de nomes inteirose a vida com suas mamas profundamente desfiguradas. Devolvamos o rio. Afonso Henriques Neto e Celso de Alencar são poetas maduros, que estrearam, respectivamente, na década de 1960 e 1970. Seus lançamentos estão entre os mais importantes do biênio.



Outros mais jovens exacerbam essa dicção através de imagens, de modo não discursivo. Proclamam seus apocalipses pessoais (no duplo sentido da expressão apocalipse, como fim de mundo e revelação). Um deles, Chiu Yi Chih, de São Paulo, com Naufrágios (Multifoco, 2011):inclino-me áspero pinheiro / nos ecos do Amargoa rachadura é dourada / flor que desafeiçoanada nos assegura neste assombro de pássaros. sinistra morada, esta que nos lança à desaparição. irreparável símbolo, meu rosto: planeta fora do seu berço. Faz par com o vigor de Augusto de Guimaraens Cavalcanti, do Rio de Janeiro, em Os Tigres Cravaram as Garras no Horizonte (Editora Circuito, 2010): tropicália exacerbada, contracultura atualizada por um poeta jovem, releitura do melhor da beat, surrealismo hoje. Querem mais imagens poéticas? Mais expressões não discursivas? Novos exemplos de poesia onírica?



Que tal José Geraldo Neres, do ABC paulista, com sua prosa poética em Olhos de Barro (Multifoco, 2010): “Água e silêncio. Dedos vazios mergulham à procura dos peixes outrora semeados. Nem girassóis, nem milagres e a carne das palavras. Dou ao tempo outro cardume”. Texto onírico, regido pelo deslocamento. A seu lado – lançaram juntos – Edson Bueno de Camargo em Cabalísticos, enunciando uma poética e citando Ginsberg:o poeta é sacerdoteda própria religião[...]Rimbaud foi bruxo a seu tempousou a extinção de sua quintessênciae fez poesia além da palavra.



A destacar, também, uma obra coletiva fio, fenda, falésia (edição das autoras, Proac-São Paulo) de Érica Zíngano, Renata Huber e Roberta Ferraz, que acabara de lançar lacrimatórios, enócoas (Oficina Raquel, 2009). Comparecem com uma apoteose da fusão de gêneros, da escrita em todas as direções e possibilidades, mas sempre bem resolvidas, com um padrão consistente nessa diversidade: livro que não deveria ser apenas lido, porém estudado e carinhosamente decifrado. As novas possibilidades da edição – do hipertexto em papel de Érica, Renata e Roberta, passando pelos objetos mais estranhos da produção contemporânea, propositadamente confundindo tudo, à leveza digital de Elizabeth Lorenzotti: a experiente jornalista e poeta estreante mostra como o macrocosmo está evidentemente presente no microcosmo (desde que se saiba ver) com As Dez Mil Coisas (Amazon, 2011), disponível só em e-book. Analogia coexiste harmonicamente com ironia em Livro Ruído (Eucleia, 2011), de Davi Araujo, paulista prolífico que encontrou editor em Portugal e escreve sobre “Adeus a deus” e “O teatro e meu duplo”.Poesia se faz no Brasil todo. Josoaldo Lima Rego já foi chamado por mim de “maranhense cosmopolita” por ver “Uma Nadja, sorrateira pelos becos” e proclamar que “é preciso sonhar a anistia dos manicômios” em Paisagens Possíveis (7 Letras, 2010).



A propósito de maranhenses cosmopolitas, além de literariamente elegantes, Samarone Marinho, com Atrás da Vidraça (7 Letras, 2011), incluindo a inquietante série intitulada “(imemoriáveis aleijões beckettianos sussurrados da janela do quarto)”. São exemplos. Haveria mais. Mineiros alquimistas, místicos de elevada dicção, como Andityas Soares de Moura, com Aurora Consurgens (7 Letras, 2010), e Abílio Terra, com Numa Floresta de Símbolos (Alcance, 2010). Mostras de que o romantismo é contemporâneo, em O Pó das Palavras (Ponteio, 2011), do carioca Claufe Rodrigues, experiente difusor e divulgador de poesia. A safra de poesia de 2010-2011 foi vigorosa. Cabe perguntar se a crítica se deu conta.



Infelizmente, à exceção de uma bela resenha de Moacir Amancio (outro poeta extraordinário) tratando de Poemas Perversos, de Celso de Alencar (publicada no suplemento Sabático de O Estado de S. Paulo), nada disso foi comentado, ou quase nada – nossos críticos continuam preferindo os poetas inteligentes: aqueles racionais, precisos, rarefeitos e bem-comportados. E continuam a lamentar a ausência de novos poetas, sem atentar para o que se passa ao seu redor. Uma Cerveja no Dilúvio, de um poeta da qualidade e importância de Afonso Henriques Neto, ainda não ter recebido nenhuma resenha importante em órgãos da grande imprensa – assim pagando o preço por ser avesso ao mundanismo literário – é admissão de alheamento geral. Talvez tão importante quanto as boas edições em livro seja a ampliação dos espaços públicos, das chances de poetas se mostrarem ao vivo e se comunicarem com leitores efetivos ou potenciais. Em Belo Horizonte, uma programação semanal e já tradicional. No Rio de Janeiro, aquelas récitas, proliferando há décadas. Em São Paulo, além da importante função da Casa das Rosas como polo irradiador, graças ao esforço de Frederico Barbosa e colaboradores, estimulando novos saraus (uns 40 por mês na cidade toda, ao que consta), há programação em unidades do Sesc, em bares e casas noturnas, no refinado Lugar Pantemporâneo. E um novo e importante espaço institucional para a poesia, com a abertura da programação de leituras e palestras no Centro Cultural São Paulo, coordenado por Claudio Daniel, também poeta de qualidade. Caberia mencionar alguns bons mecanismos de subvenção, como o Programa de Ação Cultural (Proac) em São Paulo, compensando o preconceito de alguns editores e muitos livreiros. Existem, também, premiações inteligentes. Precisaria, ainda, falar das revistas que publicam poesia; da continuidade de Coyote, do reaparecimento de Babel, entre outras. E do que circula no meio digital. Mas isso demandaria outra matéria. Importa registrar que só não repara na boa poesia contemporânea brasileira quem não quer; quem sofrer de total inaptidão para o gênero.“Nossos críticos continuam preferindo os poetas inteligentes: aqueles racionais, precisos, rarefeitos e bem comportados. E continuam a lamentar a ausência de novos poetas, sem atentar para o que se passa ao seu redor”




Claudio Willer é poeta, ensaísta, tradutor e autor, entre outros livros, de Um Obscuro Encanto – Gnose, Gnosticismo e Poesia (Civilização Brasileira, 2010) e Geração Beat (L&PM Editores, 2009)



este texto foi publicado na revista do SESCSP, disponível aqui