20101127

fio, fenda, falésia



lançamento dia 8 de dezembro de 2010
a partir de 19h30
na Galeria Virgílio

r. dr. virgílio de carvalho pinto 426
Pinheiros



venham! venham!

20101126


ESPELHOS, de Fiama Hasse Pais Brandão






nenhum silêncio era a súmula de luz
e na extensa bacia de água
o que das árvores se via
era a oscilação somente





20101124

sopram tambores de flor: fio, fenda, falésia

também aqui, no suavíssimo tear de ana rüsche

fio, fenda, falésia

Funda escavação de vespas sobre a tessitura das achas
Funda tessitura das costas sobre a intenção das resmas
Funda evaporação e lança sobre as trincas a esmo
Fundo erro de três mortes multicerradas no mesmo

fio fenda falésia


20101123

ou ainda, magnólia, minha sujeição






Você quer doer.

Vicia-se.

Quer cada minúsculo rasgo do corpo para uma dose de doer.

Tudo ao redor.

Náusea-se, mas lépido, mas fogoso, em golfos de brasa.

Causa-lhe ódio isto tudo?

Um ódio nulo.

Ela sabe.

Ódio ódio ódio.

Pouco faz sentido.

Quem está desperto a isso?

Eles se maquiam.

O sono é avulso, as cápsulas da realidade são poucas.

O cotidiano verte surrealidades.

Quer fatiá-los esmagá-los.

Comidas e afeições.

Lê o jornal, tão cedo, querida?

Entupimento na rua.

Todos eles os que estudaram muito pouco.

Ou em vão.

Ela pensa.

Talvez, esta hora, talvez.

Nesta hora ela gostaria de se salvar.

Somente o ódio, se pudesse.

Seu ódio de sua própria inutilidade.

Está cansada.

Das sensações multívolas, das ficções.
Não quer a vida apenas isso.


Talvez por isso a dor.
Forma de resguardo de qualquer coisa.
Menos banal.
Qualquer coisa.
Apaga a lixeira imensa que carrega na boca.
Esta idéia logo a fascina.
Obriga-a.
Cumpre então sem fé.
Apenas obsessão.
Era o que ela vinha dizer.
Si mesma.
Pouco antes acordou.
Mexe, talvez não, o homem.
O homem de malhas brancas e caixinhas.
Ele.
Quem dizia.
Mexe, agora o pescoço.
Estrala.
Não.
Era outra.
Muitas vezes era.
Outra.
Aquela mulher envelhecendo aqui.
Resta uma laje de sol, quente.
Nenhuma paisagem ao redor.
A música se cansa, estridente.
Motos para cair.
Seios para murchar.
Um dia outro dia após um outro.
Dizer bobagens a quem pagar.
Serenata solene, oficial.
Os desperdícios felizes.
Frígida ausência do certo antes da queda.
Noturna.
Animais todos em jaulas.
As crianças.
A banha se aninha ano a ano.
Ilusão e transtornos, de que se tinha.
Beleza.
Incapaz crescente de ouvir outra.
Voz.
Fugas desobstruídas.
Bolachas, janelas ou outras mercadorias.
Toscas.
As mãos.
Indiscutivelmente.
Roídas.
Tanto apertar tanto apertar.
Desespero entre as coxas.
Vacuidade nos aparelhos telefônicos.
Papeis.
Gente convidando a beber.
Ela pensava. Maura.
Antiga, estranha, presa.
Um tempo mais rápido.
Inconsciente.
Presa do momento sem palavra.
Forma desalinhada de afetar.
Chocar fronteiriço de um quadro.
Automóvel.
Alta ferocidade.
Inferno.
A tarefa própria, frágil: elaborar coerências.
Esse esforço.
Todo para apenas.
Mais uma respiração.
O ordinário.
Disso.
Isso dito.
Sem qualquer singularidade.
Vai ver é isso esse tempo.
Não apenas o que diz eu eu eu.
O ódio.
O pender à barbárie.
A indiferença.
A fera na selva.
Alucinada.
Medíocre.
Solidez solitária.
Em compartilhamento.
Não suportas mais isso.
Nada.
Furto de fumaças.
Canto de boca enrustida
Abandono, virtualidades.