Você quer doer.
Vicia-se.
Quer cada minúsculo rasgo do corpo para uma dose de doer.
Tudo ao redor.
Náusea-se, mas lépido, mas fogoso, em golfos de brasa.
Causa-lhe ódio isto tudo?
Um ódio nulo.
Ela sabe.
Ódio ódio ódio.
Pouco faz sentido.
Quem está desperto a isso?
Eles se maquiam.
O sono é avulso, as cápsulas da realidade são poucas.
O cotidiano verte surrealidades.
Quer fatiá-los esmagá-los.
Comidas e afeições.
Lê o jornal, tão cedo, querida?
Entupimento na rua.
Todos eles os que estudaram muito pouco.
Ou em vão.
Ela pensa.
Talvez, esta hora, talvez.
Nesta hora ela gostaria de se salvar.
Somente o ódio, se pudesse.
Seu ódio de sua própria inutilidade.
Está cansada.
Das sensações multívolas, das ficções.
Não quer a vida apenas isso.
Talvez por isso a dor.
Forma de resguardo de qualquer coisa.
Menos banal.
Qualquer coisa.
Menos banal.
Qualquer coisa.
Apaga a lixeira imensa que carrega na boca.
Esta idéia logo a fascina.
Obriga-a.
Cumpre então sem fé.
Apenas obsessão.
Era o que ela vinha dizer.
Si mesma.
Pouco antes acordou.
Mexe, talvez não, o homem.
O homem de malhas brancas e caixinhas.
Ele.
Quem dizia.
Mexe, agora o pescoço.
Estrala.
Não.
Era outra.
Muitas vezes era.
Outra.
Aquela mulher envelhecendo aqui.
Resta uma laje de sol, quente.
Nenhuma paisagem ao redor.
A música se cansa, estridente.
Motos para cair.
Seios para murchar.
Um dia outro dia após um outro.
Dizer bobagens a quem pagar.
Serenata solene, oficial.
Os desperdícios felizes.
Frígida ausência do certo antes da queda.
Noturna.
Animais todos em jaulas.
As crianças.
A banha se aninha ano a ano.
Ilusão e transtornos, de que se tinha.
Beleza.
Incapaz crescente de ouvir outra.
Voz.
Fugas desobstruídas.
Bolachas, janelas ou outras mercadorias.
Toscas.
As mãos.
Indiscutivelmente.
Roídas.
Tanto apertar tanto apertar.
Desespero entre as coxas.
Vacuidade nos aparelhos telefônicos.
Papeis.
Gente convidando a beber.
Ela pensava. Maura.
Antiga, estranha, presa.
Um tempo mais rápido.
Inconsciente.
Presa do momento sem palavra.
Forma desalinhada de afetar.
Chocar fronteiriço de um quadro.
Automóvel.
Alta ferocidade.
Inferno.
A tarefa própria, frágil: elaborar coerências.
Esse esforço.
Todo para apenas.
Mais uma respiração.
O ordinário.
Disso.
Isso dito.
Sem qualquer singularidade.
Vai ver é isso esse tempo.
Não apenas o que diz eu eu eu.
O ódio.
O pender à barbárie.
A indiferença.
A fera na selva.
Alucinada.
Medíocre.
Solidez solitária.
Em compartilhamento.
Não suportas mais isso.
Nada.
Furto de fumaças.
Canto de boca enrustida
Abandono, virtualidades.
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