20101201

cinco suítes para educação sentimental

I

este colar elisabetano esta muralha tépida

margeia o pescoço duro as veias rijas de um sangue

atento

olhos – riscados para rápido dobrar

desperta às afrontas

dentro um corpo em gesso ocre

faz tempo nos equilibrávamos pelas prateleiras

quando já não sou mais leve peralta

quando a chispa da garganta, consumado o aterro

seguir as pistas falhas para um bordel ou a quadriculada

mentalidade do registro telefônico como se houvesse

dizer

para qualquer deslize

não somos espécies sensíveis somos cordas

entre os pés os hiatos entre as mãos

concordatas

penso sugerir o verão e a caminhada

mas já percorres o futuro em que eu

terrivelmente estarei partida

tempo a tombar

mistério imenso de carinhos

e reunir outra simetria já

mais abstrata e mais

fria

paralítica aponto os dedos

tua direção é um vale ainda

uma palma estocada na poeira

aponto no vale o prepúcio

de uma fossa

é ainda um alento, um flanco

singradura

então um hino tapando teus ouvidos –

uma toca que recolha teus olhos –

a meu dentro

mais poemas na revista celuzlose, 07

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