20110219

a caça ao javali na véspera de morte das amazonas

Incestuosas

a correr a pradaria
empinar o chifre calcário alcaçuz
o chifre urgido em frente

simultâneas fêmeas aros
correntezas umedecendo os vales
de pele fruta e pasto, arcada
de sol acidentando a face

e uma e outra
puras das máscaras
chocam-se os corpos em movimento
fogo oleoso pertencido ao mamilo
dos bichos a mamar numa a outra
o riacho errático liberto de ferraduras

coração de estrada, penedos
crianças potras de sal

na flecha ofegante onde morre
a sagração da aurora


(publicado na revista CÓRREGO, dez.2010, n.1, editada por Gabriel Kolyniak e Tomás Troster)

20110215

e ainda, (sessão carinhos)

...vem a nota da tão estimada Yvette Centeno, em seu blog Literatura e Arte, sobre Fio, Fenda, Falésia... sobre lacrimatórios, enócoas.... sobre Dioniso e Ariadne...


um agradecimento profundo e um abraço trançando mares,


a ti, Yvette, deixo a flor intensa do cerrado,



lady octopus


* * * 
1a nota _______________
o curioso é que so far  este é o post mais atraente do blog, muita gente chega a elêusis através de 
lady octopus. então resolvi aderir com tentáculos a mais. e perdoem a tradução porquíssima, foi feita com o sr. g., e medonha de erros se compele à existência, assim mesmo, ainda assim, quem quiser que me ajude, aceito novas mãos e garras para fazer desta versão em inglês algo mais tentador do que um simples recorte e cole. 

****
2a nota: a nota acima é antiquíssima. a tradução não corresponde ao que o poema se tornou. é já outra, de outro. o poema vem fresco, estará no próximo livro saturação de saturno, ainda completamente aqui. 








é uma carta: navega com meras senhas
uma loucura inclinada ao teatro
um ouriço na cintura túnica encravada
a sair mui talentosa o cúmulo de um cós
lilás discorrendo vísceras dentro da ó
nesga
por onde desembocar cutelos de homem

é uma imagem: ousa o espelho
investida invertebrada apenas como se
espelho com métrica embutida: o anjo da casa
(já se disse, ritornelo, água amarga)

é um porta-papel e carnuda rês
espiral de um talo rubro cosendo o roer
da nuca para colorir os lábios
quiçá nunca gemer apenas dar-se ares
a scherzo esquadrinhado & ripar
da descuidosa maneira de viver
para que saia: um espelho
civilizado apenas contra
vertido e desdobrável: os tentáculos da casa


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a woman is a letter
folly minded to theater

a hedgehog a woman  carved out  the belly
the  pick of a waistband close upstanding 
on entrails  inside the small place
where  it drains a man's cleaver

a woman is an image
applied as a mirror attacked  invertebrate
garnished with mimicry:
the angel of the house

an envelope a woman
with severed wings, spiral of coral satin
sticking the biting of the neck
to the baton rouge of maybe
never come only let out of herself
applied as a inverted mirror
unfold

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20110204

e ainda, (sessão carinhos)



o post querido da mais querida Maiara Gouveia, sobre roseiras e bicicletas, e afetos esparramados pela poesia, que está no link, e ainda, ao final, o texto que maiara acarinhou como saudação ao meu livrinho de poemas, o Dioniso e Ariadne...

ainda fio, fenda, falésia - entrevista Revista Pausa

mais uma do trio:

Nós, do fio, fenda, falésia, em entrevista dada ao Marcelo Ariel, da Revista Pausa

el desdichado, de GERARD DE NERVAL



Eu sou o Tenebroso, - o Viúvo, - o Inconsolado,
O Senhor de Aquitânia à Torre da abulia:
Meu único Astro é morto, e o meu alaúde iriado
Irradia o Sol Negro da Melancolia

Na noite Sepulcral, Tu que me hás consolado,
O Posílipo e o mar Itálico me envia,
A flor que tanto amava o meu ser desolado,
E a treliça onde a Vinha à Roseira se alia

Sou Biron, Lusignan?...Febo ou Amor? Na fronte
Ainda o beijo da Rainha rubro me incendeia;
Eu sonhei na Caverna onde nada a Sereia...

E duas vezes cruzei vencedor o Aqueronte:
Modulando na cítara de Orfeu consagrada
Os suspiros da Santa e os arquejos da Fada.