para Renata Huber, após
a visita crua dos fantasmas
vou até a nascente arrancar do fundo
uma flor d’água
os rizomas comestíveis se esfarelam
toco a massa de segredos onde vive
inescrutável
a demora da vida
arrancada soergo até tua face
e quando ela se derrama e morre
nas raízes
dos cabelos, não demoro
novamente ir à água
novamente trazer-te isto que dura
tão pouco
meu coração não sabe
sabe apenas uma aflição real
o que vê não tem nome
o que faz não tem razão
vive de voltar ao recinto
escandalosamente claro
por amor
pode não ser rito
ou mesmo febre
o que apenas sabe
é que espera
de tua boca
aquela palavra
sem retoques
sem medo
sem mágoa
engolida a flor d’água
refeita a nascente dentro
de tua calma
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