20111221

poema_ de Fiama Hasse P. Brandão

Estar sobre a relva
a pequena distância
da matéria.
Um fabulista pode como eu seguir
as pisadas de todos os seres abstractos.
A terra queima-se incessantemente
é uma fênix,
no interior onde receamos
ser abandonados.
Ninguém, nem radamanto, está deveras morto,
quando passo entre
termos de comparação
clássicos,
uma vez que desço.
Misturo o reflexo de uma mão de folha
com o da minha mão
carnal. A facilidade com que o mundo se assemelha
às descrições de um relvado. Como a crosta
se rompe
e de uma fina nervura resvalo para a reflexão.

Como é involuntária a visão da terra verde.
E é a vontade que aprisiona a mão
esquiva
desprendendo-a dos seus dedos. Nem pelo tacto me aproximo
da bem-aventurança. Dou à perdição absoluta o poema.

Passou a haver o silêncio nas linhas do léxico.
Mas uma lâmina range. Do período de uma haste
metaforizada
que me sangra. Mesmo a garganta que assenta sobre
as cavidades
do chão não pronunciou palavras.

As que foram abafadas pelo rumor da matéria seca
de algumas folhes. Poucas palavras estavam junto de suas
formas concretas,
poucos sinais se tomavam indecifráveis para sempre.





ps. a diagramação e o espaçamento dos versos não correspondem ao original, que formam um jogo de leveza e vento pelo poema. isso é por conta da formatação do próprio blog, uma força chatamente invencível, mas vamos lá.

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