à memória de Pascoaes
Ouro trigo leão e prata e crina
Te esperam sob o vaso menstrual.
Separarás primeiro a água e a mina
Porque a água não é um mineral
No coágulo te espera areia fina
E sob a areia planta sideral
Que no manto do rei verde se combina
Porque a planta não é um vegetal
Ao homem cabe o ouro de buscá-lo
E a sua cria morta ou imortal
Retirarás do ventre de cavalo
Porque o homem não é um animal
E se o espelho de cobre te fascina
Se te aparece o monstro do umbral
Que à ígnea terra o atro abismo ensina
E nas trevas afunda o bem e o mal
Recolhe fende expurga e ilumina
E com espada de fogo talha e inclina
Porque o fogo não é o seu sinal
e à Maria Amélia e ao João
Cesariny, 1967
(com amor encontro agora este poema
dia intenso em que chegou também à lua
o barco autorretrato de velho menino)
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