20100322

dodecacentro

faz sol, cheira a estrume e maconha

a mijo descansado

a silêncio e contra-filé

mais um pouco, rios recursados

(várzeas no meu destino)

a tino em popa a morte

alergia nas mãos e nos pés

visões do cadafalso

gente barroca abarrotada

entre pastéis marmita sonhos:

vômitos de ontem a hoje, gente

de pé cantando rota

a missa de domingo

muito simples, esse sistema

de rolo compressor e garrafas

essa mandinga rufia com cachorro ao lado

esse círculo a engolir pelo asfalto

e fuligens tecnicolor nas pombas

faz sol, seguimos

cegos e sedentos

dissidentes do amargo

comprando bijuterias

e caminhando – apenas

fazendo a lona

fotográfica







Um comentário:

Luiz Tinoco Cabral disse...

uau! adorei! gosto de textos fortes com palavras fortes e bem trabalhadas! é a cara e o cheiro do centro de Sampa! bjs Tinoco - leia Pornopopéia de Reinaldo Moraes! imperdível!