I
DAS VIRGENS
Ó
nobilíssima frescura, que no sol te radicas,
e
em cândida serenidade fulges
no
disco,
que
nenhuma excelência terrena
compreendeu,
és
circundada
por
amplexos de divinos mistérios.
Tu
ruboresces como aurora
e
ardes flama do sol.
II
SINFONIA DAS
VIRGENS
Ó
amante cheio de doçura,
de
dóceis abraços,
ajuda-nos
a conservar
nossa
virgindade.
Fomos
formadas do pó,
Ai!,
Ai!, e no crime de Adão.
Bem
duro é contradizer
o
gosto que o fruto tem.
Dá-nos
coragem, ó Cristo, Salvador.
Nós
desejamos ardentemente seguir-te.
Ó
como é gravoso para nós miseráveis
a
ti imaculado e inocente Rei dos Anjos
imitar.
Confiamos
em ti, todavia
pois
é teu desejo
a
pedra preciosa permanecer em putrefação.
Invocamos-te
agora, Esposo e consolador,
que
nos redimiste na cruz.
Por
teu sangue comprometidas somos para ti esposas
repudiando
homem
para
te preferir a ti Filho de Deus.
Ó
belíssima forma,
Ó
suavíssimo perfume de desejáveis delícias,
sempre
por ti suspiramos
no
exílio das lágrimas,
na
esperança de contemplar-te e contigo permanecer.
Nós
estamos no mundo
e
tu em nossa mente,
abraçamos-te
no profundo coração
quase
como se foras presente.
Tu
fortíssimo leão rompeste o céu
para
descer ao útero duma Virgem
e
destruíste a morte
para
elevar a vida à cidade de ouro.
Concede-nos
habitar dentro de seus muros
e
permanecer contigo, dilecto Esposo,
pois
nos livrastes das fauces do Diabo,
que
seduziu nossos primeiros pais.
III
Ó
jorro de sangue, que no alto retumbaste,
quando
os elementos todos se confundiram
em
lamentações e tremor
porque
tingidos no sangue do Criador.
Unge
nossas enfermidades.
IV
DE SANTA MARIA
Hoje
foi aberta para nós a cerrada porta,
pois
sob uma mulher a serpente sufocou.
Assim
na aurora brilha
a
flor da Virgem Maria
V
DE SÃO JOÃO
EVANGELISTA
Ó
doce eleito,
que
num ardente ardor refulgiste,
raiz,
que no esplendor do Pai
elucidaste
a mística,
e
penetraste a câmara da castidade
na
cidade de ouro, que o rei construiu,
pois
o ceptro das nações recebeste,
vem
em socorro dos peregrinos.
Tu
fecundaste a chuva
com
os teus predecessores,
que
a transformaram
nos
pigmentos verdes dos pintores.
Vem
em socorro dos peregrinos.
VI
PARA O EVANGELHO
Ó
púrpura de sangue,
fluíste
da excelsa altura
tocada
por Deus
tu
és a flor
que
o sopro da serpente
jamais
lesou.
VII
Em
tudo transborda a caridade:
notável
desde os abismos aos céus mais altos,
mais
amável dos bens,
o
Rei supremo
ela
beijou.
VON BINGEN, Hildegard. Flor Brilhante. Tradução Joaquim Félix de Carvalho e José Tolentino
Mendonça. Lisboa: Assírio & Alvim, 2004.
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