20121217

Clarice reluzindo, neles

...

chega à vida:
personagens acordam o fôlego, mas noutras mãos e bocas
bruxarias são também transe-de-corpos, transa, descida deles, via adulterada

estou louca, curiosa. será que alguém pegou na mão daquela personagem que mais me cativa?
Luis tinha me convidado para estar aí também, entre os cavalos a receber a pomba-maior.

eu comecei e recomecei algumas vezes naquele mesmo ponto ofuscado
- neblina na cidade - clarão de uma manhã metamórfica -

em que ELA, a preciosa, desce de um ônibus para conhecer o corpo

                                e como tudo cintila mas também desgasta, a história é guardar o ponto da epifania
                                                                                                                                            o encontro
quando, depois dele, passa a haver tempo, um tempo antes outro depois

                                nele-não: nele-ponto, não há nada, é uma meditação
         ela aconteceria duas vezes? no instante e na palavra? quando o instante transmuda-se em
                                                                  dito
                                                          e chega até nós


eu comecei. mas falhei. paralisei. o fantasma de Clarice, meu deus. maternidades e assassinatos.
quase volto pra Medea, mas era ela, a hipnótica com o laços de família (meu favorito)
ali: cruel, nublada, fosca, ardente

não entreguei a tempo a menina continuada
poxa, Luis, não deu, não foi desta vez, poxa
a coisa à força (e o tempo pode ser isso, um cadeado)
não veio. não veio. ficou em rabiscos. ficou pela metade. ficou em algum canto.
entre o meu fascínio pela história
(eu lia com Marcelo, pasma: como é possível, escrever, assim?)
e meu desejo de vilipendiar aquela menina aquela adolescência
(o negócio é mesmo denso, mexe na espinha da menina assustada que eu fui um dia
descendo de um ônibus que não existiu na minha adolescência)
(e depois a mulher que escreve, que brotou desta menina).

fiquei com o lápis na mão, desenhando uma boneca, uma nuvem, uma casinha, um trilho de trem
aquele desenho que fiz com uns 8 anos
e rasguei sem querer

agora nascem renascem alguns deles algumas delas
(será que alguém pegou na mão da mesma menina que eu tentei chorar, em texto?)
(será que não findou este luto? e aquela "preciosidade"?)

na 5af, corro pra ver. Lá no b_arco (que eu adoro). vou gulosa. vem?

um beijo eu deixo
no Luis que convidou e com quem manquei
(esperando já que numa outra me reconvide e que eu possa sim deixar dizer)
[imaginem um sá-carneiro reinventado, poemas abrindo personagens?] [imaginem!] [rs]
e na Raquel que é parceira desde sempre
e na Clarice, com uma vela alaranjada acesa
neste fim de dezembro de 2012

!


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