20120126
EUROPA EM LISBOA_ poema de Michel Deguy
O amor "liberou-se" da prisão de Amor
Olhe Sobra este belo vazio
De amor esvaziado Este lenço de lápide
Que a amante agitava ao oceano agitado
Ou à amante cativa um trovador cativo
E agora descreva o castelo de água pétrea
O castelo de gávea capitânia
Que fez os Renascentistas pensarem no Feudal
Voto cumprido de um príncipe cumprindo o verso de Gôngora
"de uma torre de Vento construída em Raridade"
E agora
O sábio tapete de Tejo estirado retira-se a seus pés
O saber também retirou-se
Como um refluxo sob uma seca ignara
Onde as notas lançam uma espuma de datas
Da torre de Belém à Torre de Stephen
Quero não censurar o sentido da visita
Autorizada pelo ticket cultural poliglota
Eu seguia no vão da escada a empregada
Que tem por função manter bem vazio este vazio
Amarrar o laço da pedra no terceiro andar
E arrumar turbantes, de pedra, escudos, de pedra, de sultão, de cruzado
arrumar um retorno
para o Amor que não voltará
(trad. Paula Glenadel)
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