20131004
mão tecelã dada à mão
desenho a borda de um desastre
o repique das máquinas de quebrar cimento
os dois pássaros perdidos
uma manta mexicana nos chamando
ao trabalho, trapézio
de coleiras, serventia rústica
na agulha coloco na cabeça
um fio castanho do cabelo
refaz-se do início o pastoreio
comum desastre ameno
no limite do fio, quebradiço
enquanto fia
em branco o restante do tempo
permanece
até que arruma novo fio da cabeça
ao esforço o desenho de um canto
delicado
São Paulo como um delírio de lavanda
os pés nossos muito claros
os nossos calos da mão dizendo alto
a permissão do calor
depois disposto o fio
dispõe-se de cabelos
brotando da agulha
de uma respiração
suspensa
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