20120228
sylvia plath: entrevista/documentário/diário/descida (em 6 partes) _ meu segundo carnaval
parte 2, dear diary, a máquina de escrever é uma extensão de meu corpo e my final memory of the sea is a violence
parte 3, mademoiselle, that was my last act of love: she loved to show her scars, it all have stars
parte 4, a lua e o teixo: my heart under your foot
parte 5, steam, the moon is no door: dark crime, I live here
20120226
20120224
resenha DESFILADEIRO, no blog "Uma pausa para um café"
RESENHA : Desfiladeiro da Oficina Raquel
Isbn: 978-85-61129-32-3
Autor: Roberta Ferraz
Editora: Oficina Raquel
Dimensão: 21.00 x 14.00 x 0.00 cm
Peso: 0.200 kg
Tipo de capa: Brochura
Preço: R$ 30,00
Sinopse: Grande parte da tensão dos textos de desfiladeiro está na busca, um tanto quanto desesperada, das personagens por uma linguagem que as expresse. Tanto a linguagem quanto a consciência de suas identidades são escorregadias, o que gera um efeito estético no leitor de um excesso de dizeres, um ruído incessante da linguagem, que afinal, não passa do vazio. As personagens, em geral, não focam sua atenção em acontecimentos ou descrições de eventos exteriores. O que é dito (e desdito,rasurado) são as variações de sensações e percepções da relação delas com o mundo, lugar de entremeio nuançado, sempre prestes à dissolução. (Disponivel no site da editora)
O livro é uma incógnita constante; É a busca de um personagem que vive em interrogações sobre seu verdadeiro "eu". E o próprio, através de uma construção pessoal busca mostrar isto no livro. A obrigação de fazer sentido e de construir uma imagem constante é expressada a modo do personagem, mostrando ao leitor que nem sempre se faz necessario o sentido puro e regrado para expressar o que é o algúem. A busca de si mesmo e de um modo unico de expressa-lo é o carro chefe desta nativa no mínimo, diferente de tudo que ja li.
Cada parágrafo faz você refletir sobre a escolha de cada palavra, ponto ou desordem. E quando você pensa que tudo é um amontoado de palavras sem sentido, você para, pensa e finalmente consegue enxergar as conexões que estavam ali de certo modo ocultas, mas escancaradas ao "eu" que as escreve.
O livro é bonito e eu sou apaixonado pela fotografia da capa (Serra do mar - da própria Roberta Ferraz). Tem apenas 108 páginas, em uma diagramação simples. Páginas amarelas, as quais julgo melhor para leitura e até mais bonitas; O único problema é o tamanho da fonte, que é pequena comparada a qualquer outro livro.Torna um pouco cansativo forçar a visão para entende-las e não se perder no meio de tanto texto.
Em suma, um livro muito bom, mas com um nível de entendimento mais complexo que os outros, mas nem por isso deixa de ser uma boa opção de leitura.
20120216
escuta d'água _ alguns poemas de FIAMA HASSE PAIS BRANDÃO (1938 - 2007)
20120215
20120212
curso sobre Dostoiévski e Bergman na editora Intermeios | com FLÁVIO RICARDO VASSOLER
Doutorando em Teoria Literária e Literatura Comparada pela FFLCH/USP
20120211
.choveu. para Ponge e seu poema: A CHUVA
A chuva, no pátio em que a olho cair, desce em andamentos muito diversos. No centro, é uma fina cortina (ou rede) descontínua, uma queda implacável mas relativamente lenta de gotas provavelmente bastante leves, uma precipitação sempiterna sem vigor, uma fração intensa do meteoro puro. A pouca distância das paredes da direita e da esquerda caem com mais ruído gotas mais pesadas, individuadas. Aqui parecem do tamanho de um grão de trigo, lá de uma ervilha, adiante quase de uma bola de gude. Sobre o rebordo, sobre o parapeito da janela a chuva corre horizontalmente ao passo que na face inferior dos mesmos obstáculos ela se supspende em balas convexas. Seguindo toda a superfície de um pequeno teto de zinco abarcado pelo olhar, ela corre em camada muito fina, ondeada por causa de correntes muito variadas devido a imperceptíveis ondulações e bossas da cobertura. Da falha contígua onde escoa com a contenção de um riacho fundo sem grande declive, cai de repente em um filete perfeitamente vertical, grosseiramente entrançando, até o solo, onde se rompe e espirra em agulhetas brilhantes.
Cada uma de suas formas tem um andamento particular; a cada uma corresponde um ruído particular. O todo vive com intensidade, como um mecanismo complicado, tão preciso quanto casual, como uma relojoaria cuja mola é o peso de uma dada massa de vapor em precipitação.
O repique no solo dos filetes verticais, o gluglu das calhas, as minúsculas batidas de gongo se multiplicam e ressoam ao mesmo tempo em um concerto sem monotonia, não sem delicadeza.
Quando a mola se distende, certas engrenagens por algum tempo continuam a funcionar, cada vez mais lentamente, depois toda a maquinaria pára. Então, se o sol reaparece, tudo logo se desfaz, o brilhante aparelho evapora: choveu.
20120210
arquivo surrealista _ Revista TRIPLO V
Coordenação Editorial:
Maria Estela Guedes (Portugal) & Floriano Martins (Brasil)
Concluído em 2009
20120209
em março: no IFF _ curso ASTROLOGIA E LITERATURA _ módulo 2: virgem, libra, escorpião, sagitário, capricórnio, aquário e peixes _ INSCREVA-SE!!!!
clique aqui para inscrever-se online!
ASTROLOGIA E LITERATURA -
Módulo 2Virgem Libra Escorpião Sagitário Capricórnio Aquário Peixes
*aulas quinzenais
Aula avulsa - R$ 100,00
Curso completo com 7 aulas - R$ 570,00 em 2X
Aula 1 - O signo de VIRGEM e A biblioteca de Babel, de Jorge Luis Borges (conto do livro “Ficções”)
22/03 Quinta-feira das 19h às 20h30
Aula 2 - O signo de LIBRA e seleção de poemas de Vinícius de Moraes*
05/04 Quinta-feira das 19h às 20h30
Aula 3 - O signo de ESCORPIÃO e seleção de poemas de Carlos Drummond de Andrade e Sylvia Plath*
19/04 Quinta-feira das 19h às 20h30
Aula 4 - O signo de SAGITÁRIO e O lustre, de Clarice Lispector
03/05 Quinta-feira das 19h às 20h30
Aula 5 - O signo de CAPRICÓRNIO e seleção de poemas de João Cabral de Mello Neto*
17/05 Quinta-feira das 19h às 20h30
Aula 6 - O signo de AQUÁRIO e Orlando, de Virgínia Woolf
31/05 Quinta-feira das 19h às 20h30
Aula 7 - O signo de PEIXES e O amor louco, de André Breton
14/06 Quinta-feira das 19h às 20h30
*As seleções de poemas serão enviadas por email,aos participantes, com alguma antecedência às aulas.
* Não é necessário ter feito o curso módulo 1 ou seguir o curso em sequência; há disponibilidade de aulas avulsas.
20120207
celebrando aquário e esta lua cheia de fogo _ os amigos em viagem
com Lilian Jacoto, Fernando Falcon, Lucas Simões, Gabi Araújo, Carol Bertier, Laurets e Hugolino, Ro Eno, Freddy, Tonha, Fabio e Marcelo _ Bahia 2011-2012
Sapho
o que perturbaria?
o colar de ouro o colo
cravejado com juras e sinais
a serpente aninhada ao pulso
o gesto de estar
sedutoramente para dentro
sentada neste penhasco, tendo
a calda do tecido ventando em mim
o mar está
satisfeito
com a lira ao lado
a antiga tartaruga de Hermes
o gozo fundo de Apolo
Sapho
faixa nos cabelos, prensas
fivelas a deixar livre o pendor
de tecer sobre ombros
costas delicadas seios
um coração dependurado em cada
escuta, e é em ti que me movo
mar, amante
dentro de mim entregue refeito
apareço a sorrir - olho-te
não vês que olho
e diretamente só olho a ti
(ao redor da estátua
Outra mulher sedenta do contato
- primeiros olhos de ressaca -
fixa taxativa, a negação aos visitantes:
o pólen de guardar tempo, dentro de caixas
brancas e ameaças
as substâncias incólumes
a macular as estátuas: fora do vivo
não se pode
tocá-la)
o rosto um triângulo
os cabelos trigais adocicados
e é em mim que me chamo
chamando-te mar
amante
leda mão absolutamente
em concha
sabe o fim das pernas
coleadas em mel, hastes
de vime e vinha, uma ritualística
do desejo
ser este corpo em perfeita calma
culminada de estratégia e de perícia
címbalo convulsivo, pedraria lavra
serpente em riste a untar o punho
antes ou depois de cantar
antes ou ainda que cante
canto azul marinho, pinhais, distância
e clara
repleta de iguarias
o olhar marmóreo o busto
ao contrapelo do tangível
lira cornucópia de um couro
exposto e esconso
feito para ti e de ti oculto
são sete as cordas da lira
e o labirinto no casco que
o colcheio do som abriga
invento
um rio apenas com este gesto
uma inclinação de cabeça para o Tejo
este aprumo de puro arder mar
amante
estrondo mortalmente silencioso
a tua queda dedicada ao olho
um busto levemente ácido
no vento alto desta falésia
não saberás?
tem ainda a lira Dioniso
seus cachos rugindo escorrendo
pela lateral do leste
ergue firme a mão direita e circunda
a taça a qualquer imagem que voe
é agradável sentar-se ali, nos despojos
da cria da pantera, homens, mares
junto à mão a taça
à cintura e dentro dela
bebendo
o pássaro entusiasmado
assim será a pureza das rolas
curvar-se alta ao poço
do que impele Baco
atrás de ti, Sapho
de mim, rente em tua queda
desmembrado o ciso dos triângulos
nas noites longas e afiadas
nus em bosque indistinto
- sagradas
a taça de Dioniso a voz
de Sapho a lira
de uma noite
inquebrantável
protejo, projeto, não saberás
se ajeito os olhos no colo do firmamento
ou se fito quão longe do mar
o repouso agitado dos teus membros
não saberás, tenho os olhos claros
e este declive em minha face
enlaça dedicada maneira
de entoar a lira com a lira
deitada ao lado
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este poema (incompleto, ainda, cheio de lanhos) foi escrito numa tarde de 2010 no Museu d'Orsay, na companhia de Marcelo e Lilian. É dedicado à memória de Sophia de M. B. Andresen e Dora Ferreira da Silva. Hoje o querido Claudio Daniel o rememorou em seu blog e, aproveitando a ocasião, lanço-o além-mar (mar_amante) para brindar o aniversário de Yvette Centeno.
20120206
algumas canções da 'canção de Bilitis', de Pierre Louÿs
CÂNTICO PASTORIL
Suba-me aos lábios a canção pastoril desta hora; é preciso chamar
por Pan, o deus do vento estio. Guardo o meu rebanho e Selénia,
o seu,
à sombra redonda de uma oliveira que estremece.
Selénia está deitada entre ervas e flores. Levanta-se e corre,
ou procura cigarras, ou colhe flores com ervas,
ou passa a água fresca do ribeiro
pelo rosto.
Eu arranco lã do dorso alourado dos carneiros
para prover minha roca, e fio. Lentas são as horas.
Uma águia passa pelo céu.
A sombra gira: mudemos de lugar o cesto das flores
e o jarro de leite. Que me suba aos lábios o canto pastoril
deste fim de tarde: ó Pan, deus do vento estio.
V
O VELHO E AS NINFAS
Vive na montanha um velho. Cego, por ter olhado
as ninfas; seus olhos estão mortos. É dessa reminescência longínqua
que continua a jorrar sereno o júbilo em que vive.
"Sim, eu vi-as", disse-me ele, "Helopsicria
e Limnantis estavam de pé, não longe das margens,
no charco verde de Fisos. Tinham os joelhos cobertos
pela claridade das águas.
As nucas cediam ao peso de seus longos cabelos.
As unhas eram finas como asas de cigarras.
Tinham seios reentrantes como cálices
de jacintos.
Passeavam os dedos pelas águas e libertavam
da lama invisível nenúfares de caules esguios.
Em torno das suas coxxas abertas,
expandiam-se lentamente ondas circulares..."
XV
O ANEL SIMBÓLICO
Os viajantes que regressam de Sardes falam
dos colares e das pedras preciosas pesados que cobrem
as mulheres de Lídia, desde o alto do penteado
aos seus pés pintados.
Aqui, as raparigas não uam braceletes nem diademas;
trazem apenas no dedo um anel de prata,
com o triângulo da deusa gravado no engaste.
Quando voltam o vértice para fora,
quer dizer: Psiquê disponível. Quando voltam o vértice para dentro,
quer dizer: Psiquê fechada.
Os homens acreditam que é verdade, as mulheres, não.
Pelo que me toca, não olho nunca para que lado o vértice está voltado.
Psiquê está sempre disponível,
Psiquê desliga-se com imensa facilidade.
XVI
AS DANÇAS AO LUAR
Na erva tenra da noite, todas as raparigas
com cabelos violeta dançaram aos pares,
as "rapazes" imitando as réplicas do amante.
Diziam as virgens: "Não vos pertenceremos".
E sentindo a vergonha que não sentiam,
ocultavam a virgindade, enquanto, sob as árvores,
um vate egípcio tocava flauta.
Respondiam-lhe as outras: "Vireis procurar-nos".
Tinham apertado as vestes em vestes de homem
que não eram, e lutavam como se não lutassem,
as pernas bailarinas entremeando.
No fim, dando-se por "vencidos", cada uma delas
tomou sua amiga pelas orelhas, como uma taça pelas duas ansas
e, inclinando a cabeça, bebeu-lhe o beijo.
XXXI
OS TEUS CABELOS
Disse-me ele: "Esta noite, tive um sonho. A tua cabeleira
enrolara-se-me o pescoço. Os teus cabelos enroscavam-se,
como um colar negro, à volta da minha nuca e do meu peito.
Acariciava-os; e eram os meus; e, para sempre,
estávamos ligados pela mesma massa de cabelos,
assim, boca contra boca; éramos dois loureiros
que, como acontece, partilham tantas vezes a mesma raiz.
E, pouco a pouco, tive a impressão
de que os nossos membros se haviam de tal modo confundido
que eu me transformava em ti, ou que tu entravas em mim
como o meu sonho".
Quando acabou, colocou docemente as suas mãos
sobre os meus ombros, e olhou-me com um olhar
de tanta ternura que senti um arrepio, e baixei os olhos.
(LOUÿS, Pierre. O sexo de ler de Bilitis. Trad. Maria Gabriela Llansol. Lisboa: Relógio d'Água, 2010)
20120204
20120202
érica zíngano em Berlim
abaixo, a fala que Ricardo Domeneck, curador do evento, postou em seu blog:
Escrita na Pele das Coisas (Novos poetas brasileiros) _ miniantologia organizada por Claudio Daniel e publicada pelo CCSP
Claudio DanielCurador de Literatura e Poesia do CCSP
CASA NA AVENIDA SAGRES
Ia à mostra, ao carril das fantasias
podia pegar o que quisesse
– a distância o sabor nacarava
dos olhos dos imensos
a claridade sexual
das frutas escolhidas
durante o jantar
as imagens seriam vividas sozinhas
sozinhos o carpete a sala do andar
de cima
misturada às toscas asneiras
com seu toca-discos azul
e as cirandinhas já às cracas
que ninguém percebia
No escuro nu
ele-ela mordiam-se
no pelo
O melhor segredo
do mundo – pensava
era pôr-se numa jaula
Infantil e deliberadamente
A sério