20120416

convite | IFF | escorpião + sylvia plath + carlos drummond de andrade | 19 de abril das 19hs às 20h30



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te
chama:


ESCORPIÃO com Sylvia Plath e Carlos Drummond de Andrade

IFF | Ribeirão Preto | 19/04 | das 19h às 20h30

Em cada aula do curso ASTROLOGIA E LITERATURA entrelaçamos a leitura de um signo com a leitura de um texto literário. Começamos lendo as principais características do signo astrológico, no caso de ESCORPIÃO, um signo do elemento Água, regido pelo planeta PLUTÃO. O elemento água fala de nossos sentimentos, nossa sensibilidade, nossas intimidades. Plutão é o planeta das grandes mudanças, dos cortes abruptos e dos renascimentos. Profundamente sensível, veremos como o escorpiano busca, sobretudo, uma vivência intensa de sua sensibilidade, atraindo a si elementos de mudança, morte, rupturas e até violência. Tudo isso porque, para ele, e para sua sensibilidade, o que vale é sentir tudo até o limite, mergulhado ao fundo de si, sem poupar-se do reflexo de nenhum horror que venha a encontrar por dentro dessa sua viagem à noite de si mesmo. Como a fênix, o escorpiano intuitivamente sabe que é da vivência concentrada dessa sua matéria de sangue e cicatriz, que passa muitas vezes pela revisão da sua história de família, que será possível criar uma vida mais livre e luminosa, onde a dor da morte e de morrer se transformam em desapego e capacidade de auxílio ao outro, através de uma compreensão lúcida sobre os processos da morte em vida, que, no seu reverso, é também descoberta do prazer de viver.

Sylvia Plath legou à poesia o funcionamento dissecado desta sensibilidade escorpiana, ainda que focada principalmente em suas manifestações autodestrutivas. De uma beleza cruel e insuportavelmente expositiva, os textos de Sylvia inflamam cruamente as obsessões e desesperos de uma sensibilidade ‘desencaixada’ da vida, desconfortável, que só vê a morte como saída, que só vê a morte como solução. Carlos Drummond de Andrade, outro escorpianíssimo, com sol, lua e ascendente no signo, mostram-nos que por trás de uma face calma pode haver um "abismo sob controle", ou seja, nas camadas de muitos de seus textos, profundamente marcados por uma solidão autossuficiente e recolhida, assoma uma agudeza crítica, questionadora dos ‘apegos’ do mundo, levando o leitor a encarar a morte, levando novamente o ser ao nada, desvinculando sujeito e matéria, libertando-nos enfim, se tivermos olhos para ver além do corte.

Informações e inscrições: http://www.institutofigueiredoferraz.com.br/cursos-e-palestras/literatura/roberta-ferraz/


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um poema de sylvia plath, para abrir estranhos apetites


A LUA E O TEIXO

tradução Maria de Lourdes Guimarães

(Ed. Assírio e Alvim)

Esta é a luz do espírito, fria e planetária.

As árvores do espírito são negras. A luz é azul.

As ervas descarregam o seu pesar a meus pés como se eu fosse Deus,

picando-me os tornozelos e sussurrando a sua humanidade.

Destiladas e fumegantes neblinas povoam este lugar

Que uma fila de lápides separa da minha casa.

não vejo para onde ir.

A lua não é uma saída. É um rosto de pleno direito,

branco como o dos nossos dedos e terrivelmente perturbado.

Arrasta o mar atrás de si como um negro crime; está mudo

com os lábios em O devido a um total desespero. Vivo aqui.

Por duas vezes, ao domingo, os sinos perturbam o céu:

oito línguas enormes confirmando a Ressurreição.

Por fim, fazem soar os seus nomes solenemente.

O teixo aponta para o alto. Tem uma forma gótica.

Os olhos seguem-no e encontram a lua.

A lua é minha mãe. Não é tão doce como Maria.

As suas vestes azuis soltam pequenos morcegos e mochos.

Como gostaria de acreditar na ternura...

O rosto da efígie, suavizado pelas velas,

é, em particular, para mim que desvia os olhos ternos.

Caí de muito longe. As nuvens florescem,

azuis e místicas sobre o rosto das estrelas.

No interior da igreja, os santos serão todos azuis,

pairando com os seus pés frágeis sobre os bancos frios,

as mãos e os rostos rígidos de santidade.

A lua nada disto . É calva e selvagem.

E a mensagem do teixo é negra: negra e silenciosa.

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