20080826

Gitano




sulcar o caudaloso de um rio
para encontrar a haste dos cabelos
que é a dança

eu enfaixaria teus sonhos num adamascado
tendo no ombro apenas um cristal
sabendo abrir-te numa coloração negra
a ensaiar o espaço úmido
entre meu corpo e a lunação

rugas olhos pesados palmas
a bater no meio de uma tarde o calcanhar
vertebral apetite de quem é vivo

as mulheres estão todas fortes
em seus laços florescidos de azeviche
minha manhã é um caminhão encostado
nas águas, bordoada de vento
com chapéus e garrafas

sobre a cal de um tempo estanque
homens sonoros disputam
a viagem de meu nome
como um álamo de vinho
corrói
e acalanta

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