20120709

dia 3, casa do sol

domingo sendo domingo frio, deu em sonolência
três cobertores e uma hibernação
all day long
quenturas moles, olhar de intervalo_ inverno_ habitat  de quase torpor, zen emudecida
pela manhã, companhia do Nietzsche Dionysos
à tarde, até a casa de Bia, aqui ao lado, onde um panorama luxurioso ao redor se dá a ver
como se vinhas, terras roxas, plantações, abundância e a casa ao topo: luneta espontânea
havia o gato neguinho que eu peguei para o colo e nós dois em frente à lareira
mais que adormecemos
entrei no pulso do gato, no batimento moroso daquele animal concentrado em concentrar
calor, estive calma e meditativa, apenas respiração
saímos de lá na noitinha, eu seguia dormindo
no quarto, ajeitei os papeis e peguei para reler
- um começo de resfriado, muito frio -
(a peça que brota abocanha o reler toda a Hilda)
Estar sendo. Ter sido.
e enfim fui, muito frio, embolada, até as outras bandas da noite
já hoje bem cedo, alerta, ai como é púrpura
o sol da manhã sobre os cães
sonolentos: abro um café
e reescrevo

(trecho de "Estar sendo. Ter sido". SP: Nankin, 1997)

"A solidão tem cor, é roxo escuro e negro... é como se você fosse andando... uma vasta planície, vai andando vai andando, é tardezinha, há até uma certa euforia, um vínculo entre você e aquela extensão... de início parece areia, brilha um pouco, vai anoitecendo... (...) não, não, é isso de ir anoitecendo, e você vê rostos na amplidão, vaguezas, máscaras, umas se parecem... não, umas desmancham-se assim que aparecem, perfis também... flores também, você conhece uma flor cor-de-rosa que tem tudo da margarida mas é maiorzinha, toda achatada, toda esparramada, vou logo me lembrar, pois é, ela é cor-de-rosa. mas vai ficando escura... agora ele vem vindo. quem. deus, Matias. onde. no meio dessa flor (...)" (p. 27)











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