novamente, cedo, ao jardim
os cães vão junto, todos, sobem na mesa, abaixo da figueira
há um balanço imenso esquecido ali, feito numa árvore mais imensa ainda
a mais imensa das árvores, esta para qual três pedidos se faz, e eu os farei amanhã
sexta-feira treze, com meu anel de cordeiro rubro, com estas minhas próprias mãos
o balanço parado, mas a corrente que o amarra à árvore já sensaciona longa o vôo
os dias, depois de dias, começam a perder memória, perder contornos
ontem, anteontem, amanhã são mesclas e fendas dentro de um mesmo um
eu já estou aqui há tempos
a graça da tarde ficou por conta das CANTÁRIDAS (veja no post abaixo)
que oh, sim, um primor tocas a pesquisa que Hilda fez para escrever sua trilogia obscena
e muito do mais hilário Bufólicas, que eu adoro. pesquisa séria. li trechos do "O elixir do pajé", do Bernardo Guimarães (aquele, que escreveu a Escrava Isaura), uau, desbunde, soltura, escrita. Adorei o título de um livro de Laurindo Rabelo, o "Camarões elétricos", e etc, coisas que ficam de fora do cânone, coisas que, assim como o Cantáridas, satisfazem o sim da literatura. "ridendo castigat mores", assim é.
...
as abelhas fazem a ronda.
sol, feijão preto no almoço, riso a sós.
(ainda gripada, ainda, ave)
muito café nos dias lentos, indistintos
retoques no SATURAÇÃO DE SATURNO
espera do texto, marcações, em algum lugar li isto ____ amor, uma viagem muito atormentada
Hilda, Hilda, às vezes esqueço que ela está. mas logo ali a mesa com os amuletos
a fogueira da casa acesa
estou aqui, dormindo em sua cama, lavando-me no seu piso, sob a dama com o unicórnio
brincando com os cães do teu afeto
ouvindo as vozes das pessoas que te confidenciaram a vida
vi na biblioteca dela um livro, sobressalente, sobre as famílias antigas de Orlândia
de repente o sangue, a opaca e invisível viagem do sangue
um tronco velho e real das mesmas imagens
circulando o tempo em que vivias aqui e eu agora na casa
vivo
espero, espero,
fotografando a branco e preto
os quintais e as quinas
deste encontro
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